07/08/2023 às 06h39min - Atualizada em 07/08/2023 às 06h39min

Wilson Lima, Caio André e Cidade defendem regiões Norte e Nordeste de fala preconceituosa de Zema

Governador de Minas Gerais fez declarações cheias de xenofobia e com tons separatistas ao defender frente Sul-Sudeste contra Norte e Nordeste

Lilian D'Araujo - Lilian D'Araujo
Montagem/Cena Cultural
Pelo menos três das quatro maiores autoridades do Amazonas se manifestaram publicamente e duramente contra as falas controversas do governador de Minas Gerais (MG), Romeu Zema (Novo), que anunciou uma frente Sul-Sudeste contra o Nordeste e o Norte com lampejos de discurso xenfóbico e separatista. Diante da polêmica, o governador Wilson Lima (UB), o vereador e presidente da Câmara Municipal de Manaus (CMM), Caio André (Podemos) e o deputado estadual, presidente da Assembléia Legislativa do Amazonas (Aleam), Roberto Cidade (UB), responderam à altura e se posicionaram ao lado das populações das regiões atacadas pelo mineiro.
Wilson Lima reforçou o coro de críticas de governadores do Norte e Nordeste às declarações de Romeu Zema e classificou de muito “ruim” e afirmou que a pobreza, no Brasil, se concentra nas regiões Norte e Nordeste.

“Uma declaração dessa é muito ruim porque a pobreza se concentra no Norte e no Nordeste. Sul e Sudeste não querem abrir mão do que eles têm em termos de competitividade, mas é necessário um equilíbrio. É muito perigoso estabelecer um cabo de guerra entre as regiões e colocar uma população contra a outra“, afirmou o governador Wilson em entrevista ao Estadão no domingo.

Lima, que se apresenta como um político de direita, assim como Zema, avaliou que a busca por um candidato para 2026 precisa estar separada dos interesses relacionados ao acesso de recursos para regiões como Norte e Nordeste. “A reforma tributária está acima de qualquer questão partidária. Eu sou de direita, todo mundo sabe disso, mas procuro um caminho de equilíbrio”, completou.

Para o presidente da CMM, Caio André, o governador de Minas, Romeu Zema, segue sua 'aparente incansável perseguição contra os estados do Norte e Nordeste'. "Ele sugere a criação de uma ‘frente parlamentar’ para combater, no seu insipiente entendimento, perdas econômicas para nós aqui do Norte e Nordeste. Sua entrevista ao jornal Estado de São Paulo foi um show de desinformação sobre história do Brasil e sobre a realidade econômica de um povo que historicamente foi desfavorecido. Nossa Zona Franca não é um bem apenas para Manaus e para o Amazonas, mas sim para a nação brasileira", declarou via Twitter, nesta segunda-feira.
Já o presidente da Aleam, Roberto Cidade, lamentou a atitude do governador mineiro e condenou o que chamou de "política separatista entre Norte/Nordeste com Sul/Sudeste". "O que o Brasil precisa, neste momento e sempre, é de união, fator imprescindível para se conquistar o desenvolvimento que tanto almejamos. Não é com antagonismo ou divisões. P
recisamos fortalecer um Brasil democrático e com oportunidades para todos, independente da região onde vivem", disse via Twitter.
Para os políticos do Amazonas, o pano de fundo dessas declarações são pontos da Reforma Tributária referentes a incentivos que alguns Estados recebem, como o Amazonas. "A Zona Franca de Manaus segue como ferramenta que ajuda a manter a floresta amazônica, principal riqueza natural dos brasileiros, em pé, alinhada ao desenvolvimento sustentável e tecnológico do PIM. Talvez falte informação ao governador mineiro, ou é aversão, tomara que não", reforçou Caio André.

Entenda o caso

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), em uma entrevista dada ao jornal "O Estado de S. Paulo" no último sábado (5) mencionou a formação de uma aliança Sul-Sudeste em resposta à articulação dos governadores dos nove estados nordestinos.
Ao comentar a formação da frente, Romeu Zema falou sobre o "protagonismo econômico e político" do Sul e Sudeste. Disse, ainda, que o Brasil funciona como um 
"produtor rural que começa só a dar um tratamento bom para as vaquinhas que produzem pouco e deixa de lado as que estão produzindo muito", referindo-se aos estados nordestinos.
 

De acordo com Zema, o bloco Sul-Sudeste é formado pelos sete governadores da região. Para o governador de Minas Gerais, as regiões estariam em desvantagem em votações na Câmara, mesmo representando uma fatia maior da população.

 

"Outras regiões do Brasil, com estados muito menores em termos de economia e população se unem e conseguem votar e aprovar uma série de projetos em Brasília. E nós, que representamos 56% dos brasileiros, mas que sempre ficamos cada um por si, olhando só o seu quintal, perdemos. Ficou claro nessa reforma tributária que já começamos a mostrar nosso peso”, disse em entrevista.

 

Em resposta, o Consórcio Nordeste disse que o governador de Minas Gerais "demonstra uma leitura preocupante do Brasil" e que o Norte e o Nordeste foram regiões penalizadas ao longo das décadas pelos projetos nacionais de desenvolvimentoA entidade também negou "qualquer tipo de lampejo separatista".

"Enquanto Norte e Nordeste apostam no fortalecimento do projeto de um Brasil democrático, inclusivo e, portanto, de união e reconstrução, a referida entrevista parece aprofundar a lógica de um país subalterno, dividido e desigual. [...] A união regional dos estados Nordeste e, também, os do Norte, não representa uma guerra contra os demais estados da federação", alegou o Consórcio, em nota.

O grupo apelou, ainda, pela união nacional em torno de áreas estratégicas, como a economia, segurança pública, educação, saúde e infraestrutura.

Segundo o Consórcio Nordeste, a união entre Sul e Sudeste pode representar avanços, desde que haja o compromisso no combate nacional às desigualdades e respeito às diversidades.

 


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