A discussão sobre a preservação ambiental será foco da Cúpula da Amazônia, que acontece em Belém (PA), nos dias 8 e 9 de agosto. Antes e durante o evento, que reunirá governantes e representantes dos países amazônicos, está prevista uma intensa agenda de atividades sobre os riscos da exploração de petróleo na foz do rio Amazonas. A iniciativa, promovida pelo Instituto Mapinguari e pelo Observatório Marajó - organizações não governamentais ligadas à populações da região -, busca alertar para o desastre ambiental que seria provocado por possíveis perfurações no local.
O movimento “Cuide da Amazônia: diga petróleo NÃO!” busca colocar em evidência o impacto social, ambiental e econômico que seria imposto às comunidades ribeirinhas, populações indígenas, campesinas e quilombolas que subsistem a partir da biodiversidade da região.
“Existe muita desinformação e fatos inverídicos sendo usados para contestar a decisão do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) de não autorizar a perfuração solicitada pela Petrobrás, por inconsistências técnicas”, afirma João Meireles (Secretário Executivo) do Observatório Marajó. Alegações que tratam a bacia como o novo pré-sal, o desenvolvimento regional trazido pelos royalties ou ainda a oferta de empregos, iludem a população sobre os “benefícios” imediatos de uma possível extração.
Estima-se (porque não há nenhum estudo conclusivo) que a bacia pode conter cerca de 9 bilhões de barris, menos de 10% do pré-sal. Além disso, é possível afirmar que os royalties e empregos que seriam gerados pela exploração não impulsionariam a economia local. Isso porque, mesmo que haja uma quantidade comercialmente viável de petróleo, esses valores levam, em média, 15 anos para retornar ao local. Em relação aos empregos, os postos criados exigem uma ampla formação técnica e profissionais especializados, que provavelmente viriam de outras localidades.
“A proposta não é impedir o desenvolvimento da região”, explica Flávia Guedes, mobilizadora da frente de bacias hidrográficas e oceanos do Instituto Mapinguari, “mas queremos que sejam respeitados os territórios e as populações de comunidades tradicionais, garantindo a transição para um modelo de matriz energética limpa. Investir neste projeto predatório é uma maneira de não dialogar com as gerações futuras e ir na contramão do mundo”, conclui.
Confira a agenda dos atos planejados para sensibilizar a população e o poder público:
Sobre o Instituto Mapinguari
É uma organização que atua desde 2015 apoiando e executando ações de defesa, preservação e conservação do meio ambiente, bem como incentivando a promoção do desenvolvimento sustentável da região. Desde sua fundação, o Instituto busca a consolidação e fortalecimento de Áreas Protegidas. Reconhecendo o papel fundamental das comunidades tradicionais na proteção da biodiversidade e seus territórios, o Instituto tem buscado fortalecer cada vez mais as pessoas que estão na linha de frente da proteção ambiental e na luta pela justiça social e climática.
Sobre o Observatório Marajó
É uma iniciativa da Lute Sem Fronteiras para posicionar o Marajó como território material e simbólico central na construção de um futuro diferente para a realidade amazônica, brasileira e global, atuando de forma estratégica para mudar os números da região, a partir de um movimento social de reapropriação do debate, da política e do futuro enquanto espaços que ainda podem ser disputados e reconstruídos.