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Manaus,04/12/2024

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Mais de 600 brasileiros são deportados do Reino Unido em voos secretos do governo, diz jornal


Mais de 600 brasileiros são deportados do Reino Unido em voos secretos do governo, diz jornal
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Mais de
600 brasileiros -- incluindo 109 crianças -- foram deportados do Reino Unido em
três voos secretos do governo, entre agosto e setembro deste ano. A informação
foi apurada e publicada pelo jornal britânico "The Guardian".

Segundo a publicação, o número é
recorde: o país nunca deportou tantas pessoas de uma mesma nacionalidade em
voos desse tipo
.

g1 procurou o
Itamaraty, que não se manifestou até a última atualização desta reportagem.

As deportações são oficialmente
classificadas como voluntárias e o governo britânico disse ao jornal que está
intensificando as medidas contra a migração ilegal. Organizações que protegem
os direitos de imigrantes latino-americanos no Reino Unido expressaram
preocupação, especialmente com o alto número de crianças retiradas do país.

Números de deportação publicados na
quinta-feira (28) pelo Ministério do Interior britânico, órgão responsável
pelas políticas de migração, mostram que 8.308 retornos forçados e voluntários
foram feitos entre julho e setembro de 2024. A quantidade é 16% maior em
relação ao mesmo período do ano passado.

A maioria das viagens (6.247) foi
voluntária, segundo o relatório. O governo oferece incentivos de até 3.000
libras (cerca de R$ 22 mil) para pessoas que aceitam ser deportadas
voluntariamente do Reino Unido. Apesar de ter divulgado os
números, o Ministério do Interior escondeu que o destino dos voos com
quantidade recorde de imigrantes era o Brasil
.

Os três voos relatados pelo
"Guardian" aconteceram em um período de menos de dois meses -- a reportagem
não cita para quais cidades brasileiras foram levados os imigrantes:

·        
Em 9 de agosto, 205 pessoas foram deportadas, entre elas 43 crianças;

·        
Em 23 de agosto, 206 foram deportadas, incluindo 30 crianças;

·        
Em 27 de setembro, foram 218 deportados, 36 deles crianças.

O jornal menciona que todas as crianças retiradas do país faziam parte de unidades
familiares. Muitas delas estavam matriculadas em escolas e passaram a maior
parte -- ou toda a vida -- no Reino Unido
.

De acordo com a reportagem, as deportações de brasileiros foram
classificadas pelo governo como voluntárias e incluíram pessoas que
ultrapassaram o prazo de permanência de seus vistos.

“Estamos
preocupados com o aumento acentuado nos retornos voluntários de brasileiros no
último ano", afirmou a organização Coalition of Latin Americans in the UK
(Coalizão de Latino-Americanos no Reino Unido) em comunicado publicado pelo
"Guardian". A entidade acrescentou:

"Como a
maior comunidade latino-americana no Reino Unido, os brasileiros enfrentam
barreiras significativas para acessar informações de alta qualidade e
aconselhamento jurídico credenciado, especialmente em seu próprio idioma."

"Muitos chegaram por meio da migração de países da União
Europeia. No entanto, as mudanças nas regras de imigração pós-Brexit deixaram
centenas deles e seus familiares fora da UE, com risco de terem seus direitos
negados devido à desinformação e aos rigorosos requisitos de elegibilidade.”

Com a saída dos
britânicos da União Europeia, aprovada em um plebiscito em 2016, pessoas que
planejavam se mudar entre países do bloco e o Reino Unido passaram a não ter
mais permissão automática para a nova residência. A regra passou a valer em 2021, quando entrou em vigor um acordo
para definir os termos do Brexit
.

O que diz o governo

Ao
"Guardian", um porta-voz do Ministério do Interior britânico disse
que o governo está cumprindo um plano de aumentar a deportação de imigrantes
ilegais
. “Isso
reduzirá nossa dependência de hotéis e custos de acomodação, economizando cerca
de 4 bilhões de libras nos próximos dois anos."

Em abril
deste ano, o Parlamento do Reino Unido aprovou uma lei para permitir que o
governo force imigrantes que chegaram de qualquer lugar do mundo e pediram
asilo em solo britânico a entrar em um avião que os leve
para Ruanda
 – mesmo que a pessoa nunca tenha pisado em Ruanda.

A medida
era uma das principais bandeiras do ex-primeiro-ministro, Rishi Sunak, que é
filho de imigrantes indianos. Em junho, o primeiro voo para levar
requerentes de asilo para Ruanda foi suspenso
, depois que o tribunal
europeu de direitos humanos emitiu liminares para impedir a deportação de
imigrantes a bordo.









































 

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